Ontem,
tive dois dedos de prosa
com a morte.
A porta estava aberta
e a peregrina me abordou no leito.
Envolta em véus
ofereceu-me os seios intumescidos
e arfantes de desejo.
O ventre róseo
escorregava meus olhos
para o jardim abaixo do umbigo.
Com dulçor na voz
sussurrava, ao meu ouvido,
promessas de paraíso.
Entretanto,
o hálito polar
do beijo apocalíptico
rompeu a abordagem...
e eu disse não.
Resisti a dois dedos de prosa.
Teria ido
por um dedo apenas
de poesia.
Maurício Cavalheiro – 25/08/2014
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