UM
PINGO DE VIDA
Submersa
no oceano árido,
a
semente secular monologa
sobre
a espera interminável:
“É
inútil gritar - o mundo é mouco...”
Enquanto
o dia aprimora sóis
e a
noite superlativa hálitos glaciais,
o
desalento se alenta
para
o nunca mais.
Quando
a sentença parece irreversível,
uma
nuvem solitária paira no manto azul
e,
infringindo regras,
se
metamorfoseia: gota que
e
s
c
o
r
r
e
para
embebedar a semente.
A
terra estremece!
Na
imensidão do nada,
o
ímpeto rasga a sepultura
e
a vida experimenta, pela primeira vez,
a
vida.
O
milagre é atemporal.
Não
há solo infértil,
há
ausência de irrigação.
Maurício Cavalheiro
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