quinta-feira, 28 de agosto de 2014

SOBREAVISO

E se, de repente,
a semente protelasse,
recalcitrasse
em  não arborescer?
Onde é que os passarinhos
iriam tecer seus ninhos?

E se, de repente,
o alimento fenecesse
e prescrevesse
o início do porvir?
Será que Deus mandaria
um cesto com ambrosia?

E se, de repente,
a nascente não fluisse
e repelisse
o curso do excretor?
Como iria conjugar
o verbo dessedentar?

E se, de repente,
fosse insistente o calor
a decompor
os restos de esperança?
Onde acharia o desvio
pra fugir do desvario?

E se, de repente,
o “de repente” acontecesse?



Maurício Cavalheiro – 05/06/2013

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